Meio Ambiente e Reflorestamento

Cultivo da Banana da Terra

Na Apresentação encontramos: “Não existe, no Brasil, nenhum manual ou livro sobre banana tipo Terra, para consumo frita ou cozida, a qual apresenta algumas peculiaridades em seu cultivo, como alta suscetibilidade à pragas, lenta produção de filhos, elevação do rizoma e, consequentemente, baixa longevidade, produtividade e rentabilidade.

Por isso, a Embrapa Mandioca e Fruticultura julgou imprescindível elaborar este livro, com base em informações disponíveis no Brasil e no exterior, considerando que transferir conhecimentos e tecnologias é uma das suas maiores preocupações, a qual não se conclui com sua geração, mas com sua introdução no sistema de produção e, posteriormente, na respectiva cadeia produtiva da banana.

Objetiva, portanto, repassar para os produtores de banana tipo Terra, os conhecimentos acumulados ao longo de anos de investigação.

A banana tipo Terra é mais cultivada em áreas tropicais de países africanos, americanos e asiáticos, bem como na Antilhas Francesas e Caribe. No Brasil, os estados maiores produtores são a Bahia, Espírito Santo, Amazonas, Pará, Goiás e Pernambuco.

A produção mundial de bananas dos grupos AAB e ABB, em que se inclui as do tipo Terra, foi de 30.500.000 toneladas em 2001. A África produziu cerca de 50% deste total, a América do Sul 25%, a Ásia 15% e a América Central 10%.

As bananas tipo Terra são utilizadas na confecção de vários pratos da culinária brasileira, com ênfase nas regiões Norte e Nordeste. É utilizada, também, na confecção de chipes, principalmente na região Amazônica.

Em países da África constitui o alimento básico em algumas regiões produtoras, onde o consumo chega a 220 kg/habitante/ano. No Vale de Caucas, na Colômbia, chega a atingir 300 kg / habitante ano, ou seja, próximo de 822 g/dia por pessoa.

Ao não aplicar insumos e tecnologia modernos em seus cultivos, o produtor de banana tipo Terra pode obter algum lucro, mas este é apenas relativo, uma vez que os seus cultivos se degeneram rapidamente até um limite em que a produção e a qualidade da mesma não têm aceitabilidade comercial.

As informações contidas no presente livro são de real interesse especialmente para aqueles que se dedicam ao cultivo de banana tipo Terra e possam dele tirar o melhor proveito. Elas reúnem capítulos que abrangem desde as condições de clima e solo, plantio, práticas culturais até a comercialização, custos de produção e usos alternativos do produto”. Élio José Alves- Pesquisador Embrapa Mandioca e Fruticultura. Da p. 9 e 10.

Exigências Climáticas Os fatores climáticos relativos à temperatura, chuvas, ventos, luz, altitude e umidade relativa são determinantes para a exploração comercial da bananeira

Temperatura – Para a obtenção de boas colheitas são necessárias temperaturas altas e constantes, oscilando entre 20º C e 32º C. As temperaturas abaixo de 20º C atrasam o desenvolvimento fisiológico da planta, aumentando o tempo entre a emergência da planta mãe ou do filho e o corte do cacho, provocando sintomas cloróticos nas folhas que morrem prematuramente.

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Consequentemente, o pseudocaule perde turgescência (firmeza), o crescimento da bananeira é lento, os cachos não emergem com vigor e as mãos (pencas) nascem deformadas. A faixa de 15º C e 35º C de temperatura é considerada como limite extremo para exploração da cultura e a de 22º C a 31º C para atendimento pleno das necessidades vegetativas e de produção da bananeira.

A maioria das microrregiões homogêneas produtoras de banana tipo Terra no Brasil se encontra nos limites de 18º C e 31º C, sendo estes níveis de temperatura, essencialmente tropicais, comuns nas regiões Norte e Nordeste, bem como em parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste. P. 20 a 21.

Necessidades Hídricas (Chuva, Irrigação) – O consumo de água pela bananeira é elevado e constante, já que aproximadamente 87,5% do seu peso é constituído de água. A quantidade de chuva necessária ao bom desenvolvimento e produção das bananeiras gira em torno de 1.900 mm por ano, bem distribuídos, ou seja, sem deficiência de água.

Em solos profundos e com boa capacidade de retenção de água, 1.200 mm/ano, bem distribuídos ao longo dos meses durante o ano, podem proporcionar boas produções e uma satisfatória qualidade do fruto. Em condições naturais de distribuição de chuvas esta disponibilidade raramente ocorre, mas se pode ajusta-la com o uso de irrigação, para 120 a 180 mm/mês, segundo o tipo de solo (com maior ou menor capacidade de retenção de água), valores estes considerados ideais para o desenvolvimento e produção de bananas de alta qualidade.

A escassez de água no solo se torna mais crítica nas fases de diferenciação floral (período de florescimento) e no início da frutificação, comprometendo a emissão da inflorescência (cacho) e o desenvolvimento dos frutos. Quando a escassez de água no solo é prolongada, a roseta foliar se comprime, dificultando ou até mesmo impedindo o lançamento da inflorescência. Nesta circunstância, o cacho pode até perder seu valor comercial. P. 22 e 23 do livro acima referido.

Radiação Solar (Luz) – Sob baixa intensidade de luz as bananeiras necessitam de maior número de dias para completar o seu ciclo vegetativo. Bananeiras que crescem sobre a sombra de árvores reduzem o porte, suas raízes se desenvolvem superficialmente e necessitam de dois ou mais meses para frutificar, em comparação com as que crescem a plena exposição solar.

Em regiões de alta luminosidade o período para que o cacho atinja o ponto de corte comercial é de 80 a 90 dias após a sua emissão, enquanto que em regiões baixas luminosidade em algumas épocas do ano, o período necessário para o cacho atingir o ponto de corte comercial varia de 85 a 112 dias. Sob luminosidade intermediária, a colheita se processa entre 90 a 100 dias a partir da emissão do cacho. Ás vezes até mais, nos meses de temperaturas mais baixas, ou seja, junho a agosto no Brasil.

A faixa de hora luz por ano deve situar-se entre 1.500 e 2.500. Valores baixos, inferiores a 1.000 horas, são insuficientes para que as bananeiras tenham um bom desenvolvimento. Níveis excessivamente altos, ou seja, sobretudo quando estas se encontra na fase de cartucho ou recém-abertas. Os dias de fortes insolações provocam danos aos frutos se não têm proteção, sendo este dano comumente conhecido como “queima de sol”.

Vento  O vento é um fator climático que pode causar desde pequenos danos até a destruição do bananal. Os prejuízos causados pelo vento são: a) rompimento das nervuras foliares, provocados por ventos acima de 20 km/hora, os quais reduzem a colheita devido ao enfraquecimento da planta; b) perda de frutos devido a quebra do pseudocaule e raízes; c) tombamento de plantas, devido ao frágil sistema redicular da bananeira, tornando o efeito do vento ainda maior.

Altitude – Pode-se cultivar bananeiras do tipo Terra em altitudes que variam de zero a mais de 1.000 metros sobre o nível do mar. Contudo, os rendimentos e qualidade do produto se reduzem com o aumento da altitude, uma vez que o ciclo vegetativo se prolonga, podendo passar de 10 para 24 meses em cultivos estabelecidos a 20 a 1990 metros sobre o nível do mar. Neste caso, o peso do cacho também pode reduzir-se de 35 kg para 10 kg, respectivamente.

Além do ciclo, outras características da planta apresenta alterações, como a forma do cacho que o nível do mar se apresenta cilíndrico, com mãos compactas, passado a cone-truncado, com mãos mais distantes entre si e separadas da ráquis, na maior altitude (1990 metros).

Do ponto de vista econômico deve-se considerar que todos os clones de bananeiras do tipo Terra podem ser cultivados desde o nível do mar até 1.350 metros de altitude, com exceção do “Horton” (D’Angola no Brasil), cujo o cultivo seria até 800 metros sobre nível do mar.

Em cultivos poucos tecnificados (consumo regional) pode-se cultivar bananeiras do tipo Terra, sem nenhuma exceção, até os 2.000 metros sobre nível do mar.

Umidade Relativa – Por ser plantas típicas das regiões tropicais úmidas, as bananeiras apresentam melhor desenvolvimento em locais com médias anuais de umidade relativa superiores a 80%.

Esta condição acelera a emissão das folhas, prolonga a sua vida, favorece a emergência da inflorescência e uniformiza a coloração dos frutos da bananeira. Contudo, quando associada a chuvas e temperaturas elevadas provoca doenças fúngicas, principalmente a Sigatoka-negra. Umidade relativa do ar baixa favorece o desenvolvimento de folhas mais espessas e com vida útil mais curta.

Capítulo II: Escolha do Solo:

Textura – O solo ideal para a bananeira é o aluvial profundo, rico em matéria orgânica, bem drenado e com boa capacidade de retenção de água. Mas a bananeira é cultivada e se adapta a diferentes tipos de solos.

Os muito arenosos (Areias Quartzosas, Latossolo Vermelho-Amarelo textura média etc.) devem ser evitados, pois geralmente apresentam baixos teores de nutrientes e baixa capacidade de retenção de água, aumentando os custos de produção pela necessidade de adubações mais frequentes e de práticas visando melhorar o suprimento de água.

Por outro lado, os muito argilosos podem ocasionar dificuldades ao crescimento radicular, má drenagem e aeração deficiente.

Topografia  De modo geral, quando as condições climáticas são favoráveis, os cultivos podem ser estabelecidos tanto em encostas como em terrenos planos. Os terrenos planos a levemente ondulados, com declividade menor que 8%, são mais adequados, pois facilitam o manejo da cultura, a mecanização, as práticas culturais, a colheita e a conservação do solo. Áreas com declividade superior a 30% são consideradas inadequadas para a cultura.

 Profundidade – Apesar de a maioria das raízes da bananeira localizar-se nos primeiros 20 a 40 centímetros de profundidade, é importante que o solo seja profundo, com mais de 75 centímetros sem qualquer impedimento.

Solos com profundidade inferior a 25 centímetros são considerados inadequados para a cultura. Em solos rasos, a pequena quantidade de raízes que cresce em profundidade não consegue penetrar muito no solo, fazendo que as plantas fiquem sujeitas a tombamento. Daí, é importante observar-se o perfil do solo como um todo, e não apenas as camadas superficiais, para detectar a presença ou não de camadas de impedimento.

Os solos para o cultivo da bananeira podem ser classificados em quatro grupos: 1- Solos que não apresentam limitações para obtenção de alta produtividade. São os solos planos, bem drenados, profundos (mínimo de 120 centímetros), textura média a argilosa, bem estruturados, permeáveis, férteis, com pH neutro ou ligeiramente ácido, sem perigo de inundação e sem problema de salinidade; 2- Solos que apresentam algumas limitações por fertilidade natural, relevo ondulado ou forte ondulado, profundidade efetiva c/ou drenagem, que levam a produtividade mais baixas que as obtidas nos solos do grupo anterior e, assim, requerem maiores investimentos para obter rendimentos elevados; 3-

Solos pouco apropriados para o cultivo, devido à fertilidade natural muito baixa (vegetação de cerrado e campo cerrado) e / ou textura muito arenosa, necessitando de práticas de cultivo mais intensas que nos solos dos grupos anteriores, para se obter produções economicamente rentáveis; 4- Solos não adequados para o cultivo, por apresentarem muitas limitações (são rasos, pedregosos, com condições físicas desfavoráveis e ou com riscos de salinização) e rendimentos baixos que, para serem aumentados, exigem investimentos muitos altos.

Continuando no assunto do livro “Cultivo de Bananeira Tipo Terra”, da EMBRAPA, já tendo visto os capítulos de Exigências Climáticas e Escolha do Solo, dos capítulos I e II, vamos transcrever parte do capítulo III sobre Calagem e Adubação, da p. 35 em diante.

As bananeiras tipo Terra são cultivadas por pequenos produtores, principalmente nas Regiões Norte e Nordeste, onde, muitas vezes, os solos são pobres em nutrientes e a falta de estudos e informações sobre essas cultivares leva à prática de manejo sem técnicas corretas, principalmente quanto à calagem e adubação.

A importância do equilíbrio nutricional durante todo o ciclo da planta é fundamental para se obter altas produtividades e, para isso, cada nutriente essencial ao metabolismo da planta deve estar disponível na solução do solo em quantidades e proporções adequadas. Para fertilizar corretamente o bananal é essencial considerar os teores de nutrientes na planta e a disponibilidade deles no solo. A análise química do solo deve ser feita antes do plantio. A amostra deve ser representativa de uma área homogênea (até 10ha), sendo coletada ao acaso e formada por aproximadamente de 15 a 20 subamostras.

Calagem – A calagem é uma prática que, além de reduzir a acidez do solo, elevar o pH e neutralizar o alumínio tóxico, fornece cálcio (Ca) e magnésio (Mg) para as plantas. As quantidades de Ca (131kg/hectare por ciclo) e Mg (193kg/ha por ciclo) absorvidas pela bananeira “Terra” são superiores às de enxofre (S), fósforo (P); assim, esses nutrientes devem ser fornecidos pela calagem.

 Adubação Orgânica – deve ser sempre realizada, principalmente em solos mais leves (arenosos), pois melhora as propriedades físicas, biológicas e químicas do solo. Além disso, estimula o desenvolvimento radicular e a produção de rebentos, bem como reduz o número de adultos da broca do rizoma.

É a melhor forma de fornecer nitrogênio no plantio, principalmente quando se usam mudas convencionais, pois as perdas de nutrientes são minimizadas. Recomenda-se aplicar na cova de plantio: 15 a 20 litros de esterco bovino, caprino ou ovino, ou ainda 4 a 6 litros de esterco de aves, ou 2 a 4 litros de torta de mamona, ou ainda outros compostos orgânicos disponíveis na região ou na propriedade.

Adubação NPK – O nitrogênio (N) é importante para o crescimento vegetativo (produção de folhas e rebentos) da bananeira. Recomenda-se a aplicação de 230kg/ha, iniciando-se um mês após o plantio, principalmente quando se usam mudas convencionais.

É um nutriente que se movimenta no solo, devendo assim ser parcelado. O número de aplicações vai depender da textura do solo e do regime de chuvas ou de irrigação, sendo o mínimo em quatro vezes, para o melhor aproveitamento do nutriente. Os sintomas de deficiência podem ser observados tanto pelo desenvolvimento fraco das plantas, quanto pela coloração verde clara das folhas e pela produção de cachos raquíticos, com menor número de pencas.

A análise química da terceira folha a contar do ápice (10 a 25cm da parte interna mediana do limbo, sem a nervura central), coletada na época do florescimento, pode ser empregada para confirmar a deficiência visual do nutriente. A faixa adequada do nutriente na folha deve ser de 26,5 a 31,2g/kg.

O Fósforo (P) – deve ser aplicado na cova de plantio, juntamente com a adubação orgânica, pois favorecerá o desenvolvimento do sistema radicular. Normalmente, devido aos baixos teores em P dos solos cultivados com bananeira (menores que 6 mg/dm3), as quantidades aplicadas por cova devem ser em torno de 500 g de superfosfato simples. Recomenda-se a aplicação desta fonte, pois, além de P (180g de P2 05/kg), contém também Ca (190g/kg) e S (110g/kg).

O nutriente deve ser fornecido outra vez no ciclo seguinte, e a quantidade vai depender do resultado da nova análise química do solo. A falta do nutriente pode ser observada pela clorose e necrose em forma de dentes de serra e quebra do pecíolo das folhas mais velhas, ainda verdes, como também frutos com sabor menos doce. A faixa adequada do nutriente na terceira folha deve ser de 1,3 a 1,7g/kg.

O Potássio (K) – é o nutriente mais absorvido, exportado e restituído ao solo pelas bananeiras; é muito importante para a formação de frutos de qualidade superior. Caso não haja o nutriente em quantidades adequadas no solo, na época do florescimento, quando a planta mais o necessita e não mais produz folhas, ocorrerá a movimentação do K das folhas velhas para as novas, provocando amarelecimento e necrose dos bordos das folhas mais velhas e perda precoce das mesmas.

A diminuição do número de folhas reduz a produção de carboidratos, levando à produção de cachos raquíticos, frutos pequenos e sem condições de comercialização, com maturidade irregular e polpa pouco saborosa. Assim, o K é o nutriente que mais afeta a produção de frutos. A diagnose foliar é empregada para confirmar a deficiência do nutriente, estando na faixa adequada entre 22,0 a 25,3 g/kg.

A quantidade do nutriente a ser aplicado vai depender da análise química do solo. Quando os teores forem baixos (menores que 40mg/dm³), deve-se aplicar 450kg de K20/ha; em solos com teores superiores a 160mg/dm³ pode ser dispensada a aplicação, no primeiro ciclo.

O parcelamento vai depender da mão de obra disponível, do regime de chuvas ou de irrigação, lembrando que o K é também um nutriente que tem mobilidade no solo, pelo que deve ser parcelado.

A necessidade da bananeira pelo nutriente inicia-se a partir do 5º mês, quando se intensifica a produção de massa vegetativa (folhas); No ciclo seguinte, considerando a exportação pelo cacho e o aproveitamento do nutriente, recomenda-se a aplicação de, pelo menos, 250kg de K2O/ha. A fonte mais utilizada é o cloreto de potássio (KCl), em razão da maior disponibilidade no mercado e do menor preço. Devido à fonte empregada, é alta a quantidade de cloro absorvida pela bananeira (280kg/ha/ciclo, sendo inferior somente ao K (459kg/ha/ciclo).

Cultivares: As bananeiras do subgrupo Terra ou Plátanos são cultivadas amplamente nos países tropicais por constituírem-se em alimento básico e econômico para os habitantes dessas regiões.

Os cultivares deste subgrupo são muito heterogêneas, possuem frutos grandes que são consumidos na maioria das vezes fritos, cozidos ou assados, devido ao seu alto conteúdo amiláceo, mesmo quando maduro.

Existem dezenas de tipos que se diferenciam quanto à altura das plantas, cor do pseudocaule, cor da casca do fruto, persistência ou ausência da inflorescência masculina, forma e tamanho dos frutos, entre outros. Esses caracteres são estáveis e se reproduzem fielmente por multiplicação vegetativa.

As variedades do tipo Terra apresentam portes alto, médio e baixo, destacando-se, no Brasil, a Terra ou Maranhão, Terrinha, D”Angola, Comprida ou Ringideira, Pacova e Pacovaçu.

Esse subgrupo apresenta geralmente o rizoma com tendência a elevar-se à superfície do solo durante o cultivo, reduzindo a fixação das plantas, que podem tombar. Assim sendo, recomenda-se para as variedades de porte alto o escoramento na fase de produção.

Essas bananeiras se diferenciam das outras do subgrupo AAB (Mysore, Maçã, Pacovan e Prata) por apresentar tépalas de cor amarelo-alaranjado, ráquis masculina ausente ou, quando presente, coberta com brácteas persistentes e com restos florais, inflorescência masculina (coração) às vezes ausente, frutos delgados, polpa do fruto alaranjada, insípida quando verde e rica de amido quando madura.

Nos principais países produtores de banana tipo Terra, o tipo mais importante é o chifre, com frutos grandes e cachos medianos, de elevado valor econômico devido à sua exportação para mercados latinos e para os Estados Unidos.

Cultivar Terra ou Maranhão – É uma cultivar do tipo francês, moderadamente vigorosa, de porte alto, que apresenta as seguintes características: a- Pseudocaule – Mede 4,0 a 5,0 metros de altura, com 45 a 50 cm de diâmetro na base, de cor verde com manchas roxas devido à presença de antocianina; b-Cacho -Inflorescência pêndula.

O número de pencas varia de 9-12. O Número de frutos por cacho varia de 86 a 132. Estes frutos apresentam o comprimento de 20-30 cm, diâmetro de 4 a 5 cm e peso de 170-190 g, com pedicelo longo, casca amarela quando maduros e polpa tipicamente rosada.

Os cachos pesam em média 25 kg, podendo alcançar 50 a 60 kg, apresentando frutos quase eretos que, devido a curvatura peduncular, ficam voltados para o alto. A curvatura diminui progressivamente em direção às últimas pencas que ficam praticamente na posição horizontal.

As bananas apresentam quinas tortas bem definidas, apesar de ficarem quase roliças na parte mediana. A casca, de cor verde-clara, descorada, solta-se com facilidade quando madura.

O fruto maduro tem coloração amarela, com polpa levemente rosada, amilácea e firme. A ráquis masculina é revestida de flores que caem com facilidade, durante o enchimento dos frutos. O coração no final do ciclo fica reduzido a um aglomerado de brácteas secas.

Ciclo – Apresenta ciclo vegetativo (período compreendido entre a germinação da muda e a colheita da planta mãe) muito longo, variando de 590 a 620 dias e ciclo de produção (intervalo de tempo decorrido entre a colheita do cacho de uma bananeira e a colheita do cacho do seu filho) de 1090 a 1120 dias.

É muito exigente em nutrientes e por isso as folhas ficam necrosadas prematuramente. Sob condições favoráveis de cultivo ou em regime de irrigação, apresenta uma boa produtividade, que pode atingir de 30 a 35 t / há / ciclo. P.43

Cultivar Terrinha – É uma variação do cultivar Terra em que ocorreu redução do porte e do tamanho dos frutos. Portanto, é também uma cultivar do tipo francês.

Pseudocaule – Apresenta porte médio (3,0-3,5 m) e diâmetro fino (18-24 cm). Cacho– Pesa em média 12-16 kg, possuindo de 8-14 pencas. Os frutos apresentam aspectos semelhantes aos do cultivar Terra, porém com menor tamanho atingindo de 12-14 cm de comprimento. Ciclo – O ciclo vegetativo varia de 390 a 470 dias e o ciclo de produção de 740 a 870 dias.

FHIA 21– É um híbrido. A característica mais importante da variedade é sua resistência à Sigatoka –negra, uma vez que todas as outras bananeiras tipo Terra são suscetíveis. Pseudocaule- mede 2,0 a 3,0 metros de altura, com diâmetro de 20 a 30 cm na base, de cor verde com manchas (arroxeadas), inflorescência pêndula, coração (inflorescência masculina) que vai se reduzindo durante o desenvolvimento dos frutos e que se torna minúsculo por ocasião da colheita.

Cacho- Pesa 12 kg, em média, com frutos quase eretos que se desenvolveram perpendicularmente ao plano da ráquis. O número de pencas e de frutos por cacho varia, respectivamente, de 5-7 e de 55-80. Os frutos têm 18-21 cm de comprimento, peso médio de 160 g, pedicelo grosso, casca verde clara, quando verdes, que passa a amarelo-claro, quando maduros e polpa tipicamente rosada.

As bananas apresentam quinas tortas bem definidas, apesar de ficarem quase roliças na parte mediana. A casca grossa solta-se com facilidade em frutos maduros. A ráquis masculina é revestida de flores que caem com facilidade, durante o enchimento dos frutos.

O coração fica reduzido, no final do ciclo, a um aglomerado de brácteas secas. Ciclo– vegetativo que varia de 452-460 dias e ciclo de produção variando de 740-860 dias. Como toda bananeira do tipo Terra é exigente em nutrientes e por isso as folhas ficam necrosadas no final do ciclo.

D` Angola – É uma cultivar do tipo chifre, de porte médio a alto. É também conhecida como “Sete Pencas”. Não requer escoramento, permitindo redução dos custos de produção.

Cultivar Pacova ou Farta Velhaco – É uma cultivar tipo chifre, muito cultivada na Região Amazônica, onde apresenta relevante importância social na alimentação de populações indígena e ribeirinha.

São também conhecidas por Chifre-de-Boi, comprida ou Farta-Velhaco. Mede de 3,5 a 4,5 metros, com diâmetro em torno de 25 cm na base da planta. Os cachos são pequenos, com 3 a 7 pencas, com 18 a 20 frutos. Apresenta ciclos vegetativo de 390 a 420 dias e de produção de 690 a 720 dias.

Espaçamento e Densidade de Plantio – P.50 Os espaçamentos utilizados para o cultivo de banana tipo Terra ou plátanos estão relacionados com o clima, o porte da variedade as condições de luminosidade, o tipo de solo e fertilidade, a topografia do terreno e o nível tecnológico dos cultivos.

Nas regiões produtoras de plátanos e banana mundo, a área de exploração do sistema radicular nos diversos espaçamentos praticados pelos bananicultores varia de 2 m2 a 27 m2 por planta. O uso de espaçamentos mais distanciados favorece a redução do ciclo da bananeira, com modificação na época da colheita.

Os plátanos podem ser cultivados em espaçamentos mais adensados se, que haja redução do número de frutos e de sua qualidade para a comercialização. Com o aumento do número de plantas por área se produz um maior número de cachos por hectare, além de reduzir consideravelmente os custos com controle do mato.

Cumpre ressaltar que nesses casos, a ênfase é aumentar a produtividade por are, em detrimento de bons cachos e frutos de qualidade. Para atingir estes rendimentos deve-se utilizar mudas vigorosas, uniformes e adequado nível tecnológico.

A produção e qualidade de plátanos nas regiões produtoras do mundo têm sido limitadas pelos espaçamentos utilizados, devido ao escasso número de plantas (200 – 300 por hectare, no, máximo).

Resultados de pesquisa mostram que esses valores podem ser incrementados para 1.000, 2.000 e 3.333 plantas por hectare, sem nenhum prejuízo nos rendimentos e na comercialização do produto, contribuindo por maior sustentabilidade do cultivo. Na atualidade, ante as exigências de mercado por frutos de boa qualidade, é importante considerar o uso de densidades intermediárias, na busca de competitividade tanto em volume como em qualidade de produção.

No Brasil, os espaçamentos utilizados e / ou recomendados são: 3,0 m x 2,0 m (1.666 plantas / há) a 3,0 x 2,5 m (1.333 plantas/ há) para as cultivares D`Angola e Terrinha e de 3,0 m x 3,0 m (1.111 plantas / há) a 3,0 m x 4,0 m (833 plantas / há) para as variedades de porte alto (Terra ou Maranhão).

O uso de fileiras duplas tem sido empregado com maior ênfase por permitir melhor aproveitamento da área cultivada, assim como o cultivo de culturas intercalares (consórcio). São recomendados os espaçamentos 4,0 m x 2,0m x 2,0 m (1.666 plantas / há) e 4,0 m 2,0 m x 3,0 m (1.111 plantas / há) para as variedades de porte médio e alto respectivamente. Independentemente das distâncias, os sistemas de espaçamentos mais empregados são: quadrado, retângulo, triangular e hexágono.

A densidade de população equivale ao número de plantas por hectare e tem como objetivo proporcionar o melhor aproveitamento de energia solar, evitando a competição excessiva por água e nutrientes.

A vida média de um cultivo de plátano diminui conforme se incrementa a densidade de população. Quanto maior a densidade populacional utilizada, menor será a permanência do cultivo. Em algumas regiões têm-se recorrido ao uso mais intensivo de terra como forma de aumentar a rentabilidade do cultivo.

Ensacamento do Cacho –Esta prática, realizada nos cultivos para exportação, tem as seguintes vantagens:

1) Aumenta a velocidade de crescimento dos frutos, ao manter em sua volta uma temperatura mais alta e constante;

2) evita o ataque de pragas como a abelha arapuá e tripés;

3) melhora a visibilidade e qualidade da fruta, ao reduzir os danos provocados por raspões e pelas queimaduras no pericarpo em consequência da fricção de folhas dobradas;

4) protege os frutos do efeito abasivo de defensivos utilizados no controle do mal-de-Sigatoka.

Há vários tipos e coloração de sacos utilizados na proteção do cacho, no campo:

a) transparentes, comuns, de coloração gelo, para zonas produtoras onde a incidência de pragas não é severa;

b) transparentes, de coloração azul-celeste, tratados com produtos químicos, para zonas produtoras em que ocorre severa incidência de pragas;

c) leitosos, que conferem maior proteção ao cacho contra as intempéries (poeiras, insolação intensa).

Os três tipos de sacos citados são dotados de pequenas perfurações que permitem a troca de ar entre o cacho e o meio externo. O saco tradicional tem 0,08 mm de espessura e furos de 12,7 mm de diâmetro distribuídos em “S” a cada 76 mm. Apresenta a forma de um cilindro medindo 81 cm de diâmetro por 155 cm a 160 cm de comprimento.

Nos cultivos em que os cachos são ensacados, deve-se realizar esta prática juntamente com a da eliminação da ráquis masculina, a fim de auferir as vantagens do ensacamento por tempo mais longo.

O saco é colocado enrugado em torno do cacho, para que não se rasque, sendo depois estendido cuidadosamente. Em seguida é amarrado ao engaço na parte imediatamente acima da primeira cicatriz bracteal, como ilustra a Figura 10.

Escoramento – Objetiva evitar a perda de cachos por quebra ou tombamento da planta, devido à ação de ventos fortes (superiores a 30 km / hora), do peso do cacho, da altura elevada da planta e de sua má sustentação, causada pelo ataque de nematóides ou da broca-do-rizoma ou por práticas não apropriadas de manejo do bananal, como o arranquio desordenado de mudas.

O escoramento é uma prática cultural destinada a reduzir as perdas de colheita mediante o emprego de um sistema de escora de madeira ou fios seja eficiente e eficaz. Pode ser feita com uma vara de bambu ou de outra madeira, que é fincada junto ao pseudocaule e presa próxima à roset foliar logo após a emissão da inflorescência.

(15/10/2005) Ruy Gripp.

2 respostas »

  1. Artigo excelente. Esclarecedor, orientador para pequenos produtores que carecem de informações e estão em modo “experiência”. Traz segurança para os que com pouca tecnologia procuram melhorar a qualidade e a produção da banana da terra.

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