Meio Ambiente e Reflorestamento

Freijó – Madeira de Lei e Qualidade Nobre

Abaixo vamos transcrever informações técnicas sobre o FREIJÓ, espécie nativa, indígena, uma das várias madeiras brasileiras, de lei, de qualidade nobre, que supomos importantes para nossa região e para todo o Estado de Minas e E. Santo. Em todos os reflorestamentos, ao lado do EUCALIPTO, devemos plantar também várias madeiras nativas como base experimental, visando comparar entre elas, as de desenvolvimento mais rápido e que possuam maior valor econômico, com maior lucro, em menor tempo, tendo em vista o tipo de solo e o clima local. Assim iremos selecionar aquelas que mais valem a pena ser cultivadas futuramente, em maior escala. Vejamos o que informa Harri Lorenzi, em Árvores Brasileiras, p. 74:

arvore-freijo1) FREIJÓ – (Cordia goeldiana ) – Borraginácea . Nomes populares – louro, louro-pardo, louro-batata, canela-batata, freijorge ou freijó (Nordeste) , ajuí, peterebi, cascudinho, louro-cabeludo, mutamba (BA), louro-mutamba, louro-amarelo, louro-do-sul, louro-da-serra.

Características morfológicas -Altura de 20- 30 metros, com tronco de 70-90 cm de diâmetro. Folhas simples, ásperas, de 8-14 cm de comprimento. Ocorrência – Ceará até o Rio Grande do Sul, nas florestas pluvial atlântica, semidecídua e no cerrado.

Madeira- Moderadamente pesada (densidade 0,78 g / cm3 ), dura, fácil de trabalhar, podendo inclusive ser envergada, de boa durabilidade em ambientes secos, porém sensível ao apodrecimento quando exposta à umidade.

Utilidade – A madeira é amplamente empregada na confecção de mobiliário de luxo, para revestimentos decorativos, lambris, persianas, réguas, obtenção de lâminas faqueadas para revestimento de móveis, para confecção de pequenas embarcações, tonéis, caixilhos, etc.

A árvore apresenta qualidades ornamentais e pode ser utilizada no paisagismo em geral. É ótima para reflorestamentos heterogêneos destinados à recomposição de áreas degradadas de preservação permanente.

Fenologia – Floresce durante os meses de abril-julho ficando quase totalmente despida de folhagem, conferindo à planta grande beleza. Os frutos amadurecem nos meses de julho-setembro.

Obtenção de sementes – Colher os frutos (inflorescências secas ) diretamente da árvore quando iniciarem a queda espontânea e deixá-las ao sol para uma secagem leve; isso facilita a remoção dos pedúnculos e pétalas secas através de esfregaço manual. O cálice permanece aderente ao fruto, sendo praticamente impossível a retirada da verdadeira semente. Um quilograma do material assim preparado contém 35.200 unidades.

Produção de mudas – Os frutos com o cálice aderente devem ser postos para germinar em canteiros semi-sombreados contendo substrato organo-argiloso até um prazo máximo de 5 meses após colheita. A germinação é lenta (50 a 90 dias), porém abundante.

O desenvolvimento das plantas no campo é rápido, atingindo 3,5 metros aos 2 anos. (Transcrito de Árvores Brasileiras, Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil , de Harri Lorenzi, Editora Plantarum Ltda, 1992 , página 74).

Ainda sobre o FREIJÓ, em Nossas Madeiras, de Eurico Santos p. 141 encontramos: “Estudo da madeira- Madeira famosa, de excelente qualidade, sem cheiro especial, de cor uniforme, parda mais escura no frijó-preto. Casca escura, irregular, camadas aparentes que ao bater-se deixa escapar uma poeira acinzentada. Do lado interno, nas camadas fibrosas, adere um pó esbranquiçado cor de alumínio.

O corte transversal mostra poros aparentes, finos, unidos, camadas visíveis de crescimento, separadas por linhas mais escuras. Lembra pela aparência o carvalho europeu. Corte no sentido dos raios mostra matizados de cor branca, reflexos brilhantes, espaçados.

A madeira tem dureza média, sendo um pouco mais dura do que o cedro, deixando-se trabalhar bem. Por certas características pode ser utilizado como sucedâneo do mogno. Peso especifico: 0,59- 0,65. A madeira do freijó é parda ou como alguns classificam castanho-escura ou levemente amarelada, poros unidos; não esfiada e dura ao toque.

Utilizações – Estruturas de aviões, móveis e marcenaria em geral, tanoaria. Para tanoaria o freijó no entender de técnicos pode equiparar-se ao afamado carvalho americano, com vantagem, quando empregado na confecção de barris, pois empresta ao vinho, o sabor característico dos vinhos velhos, isso declarou um notável provador de vinhos da Península Ibérica. É ainda muito empregada para painéis, lambris, caixilhos, persianas, escadas, remos.

O Brasil exporta freijó para a Europa, especialmente Portugal, para confecção de barris para acondicionamento de vinhos. (Página 141 a 142, de Nossas Madeiras , Editora Itatiaia Ltda.).

Recente notícia em jornal informava do uso de barris e tonéis no Nordeste, confeccionados com FREIJÓ para depósito e envelhecimento de aguardente. Na atualidade, quando Minas se desponta como exportador de Cachaça Artesanal , de ótima qualidade, para a Europa e Ásia, surgirá daí um enorme mercado para nossos futuros plantios de FREIJÓ, para a tonéis e barris, na exportação de aguardente, como também de vinho.

Quem quiser conhecer esta notável espécie de nossa exuberante coleção de madeira de lei e colher sementes para inicio de cultivo, existem vários exemplares, fáceis de serem localizados, como :

a) 5 árvores em Manhumirim, bem próximo do cemitério local , à esquerda da subida, do lado de baixo do asfalto. A maior com 1,80 metros de circunferência = 60 cm de diâmetro;

b) 15 exemplares na saída da cidade para Reduto, ainda no perímetro urbano, no km 100 da MG-111, bem próximo da estação rebaixadora de energia elétrica, no imóvel do sr. Moacir de Castro;

c) 4 exemplares ainda na MG-111, entre os km 90 / 91 no trevo para a usina hidrelétrica Santa Barbara, sendo 1 a esquerda do lado de baixo e 3 no alto do barranco, do lado de cima do asfalto. Todas com inflorência abertas após junho, com frutos em fase de maturação em agosto e setembro.

Bom seria os viveiros de nossos hortos florestais do IEF e Prefeituras Municipais prepararem mudas para fornecimento aos proprietários rurais. Supomos ser uma ótima espécie para Moirão Verde, para formação ao longo das cercas nas divisas de propriedades ou divisão de pastagens, assim como para arborização das rodovias.

Além da sua função paisagística, como também pela sua ótima florada para apicultura, temos o seu grande valor econômico de nobre espécie como madeira de lei, como vimos acima.

                                                                                              Ruy Gripp – 18 /08 /98

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